A maioridade antes da Maturidade
O problema da maioridade antes da maturidade – um ensaio sobre a Independência parental ou Dando poder para crianças tomarem decisões… ou, Pais inseguros deixam seus filhos ditarem as regras…
Dentro de nós resiste o “homem selvagem” – adormecido, hibernando talvez pelos muitos anos de comodismo, proporcionados pela zona de conforto, que por não saber o que há do lado de fora, nem percebe que não é tão confortável assim. (esse séria um texto para aquele projeto, mas depois saiu como uma opinião… no fim da pagina deixe seu comentário).
Na minha família possuía regras, não regras de magia ou espirituais.
Assim como existia amor, e quando há amor envolvido, podemos dizer que há algo mágico e também espiritual.
Quando voltamos no passado, e pensamos na criação de nossos pais, rodeados de limitações e escarces de informações, percebemos que “felicidade” não era algo inalcançável, era só acordar de manhã e sair pra brincar, ou em casos piores, acordar de manhã e sair para trabalhar – falo pior porque as vezes envolvidos em atividades que não eram voltados para eles, perdiam o melhor que a vida poderia lhes oferecer para a idade que tinham – exemplo disso é quando vemos duas crianças por volta de sete ou oito anos conversando, nós adultos não entendemos, mas eles conseguem criar um mundo e também criar conexões entre aqueles mundos criados… e por incrível que pareça, até uma pedra se tornava um cowboy, uma flor se torna uma donzela e se tivesse brinquedos de verdade, sabe? Carrinhos, bonecas, isso se tornava um parque de diversão.
Quando voltamos da nossa viagem no tempo, e chegamos aqui no futuro, nesse momento que estamos vivendo e respirando, nos deparamos com uma realidade diferente – as crianças não querem mais brincar com flores, pedras, carrinhos ou bonecas, elas precisam de coisas que falem sobre a realidade do seu tempo, ou seja, telefones, tablets… como chamamos hoje “smartphones” ou seja, telefones inteligentes, que sejam tão inteligentes quanto eles.
Ao olhar para sociedade hoje, percebemos a carência do “não”, da imposição de limites e regras.
Não somos mais habituados a dizer: “não, você não pode”; “não, você não vai…” – e isso cria uma geração toda de pessoas que acreditam que podem fazer tudo e ser qualquer coisa.
Mas na realidade, eles não podem fazer tudo e não podem ser qualquer coisa, porque existe um outro fator determinante aqui; para fazer tudo e ser qualquer coisa, ainda é necessário alguém que financie isso.
E muitos pais e mães, irão dizer: “eu trabalho para dar o bom e o melhor ao meu filho” – sei disso porque eu mesmo já ouvi isso. A questão não é dar o bom e o melhor ao filho, a questão é o valor que tem, o que foi dado – porque nem sempre, o seu mês trabalhado, pode ser valorizado da forma que deveria.
Então, criar regras – não a nível global, mas familiar, é importante.
Dizer os filhos: “você deve aprender a criar responsabilidade”, “a partir de hoje, você deve encher as garrafas da geladeira sempre que os frascos estiverem vazios”; ou, “você deve tirar o lixo e lavar o lixeirinho”… e essas responsabilidades, devem ir crescendo – “você deve lavar o banheiro”, “limpar seu quarto”, “tomar banho”, “fazer suas refeições”… e no dia que ele não fizer a parte dele, que venha então o “não”, “Você não esta fazendo a sua parte, então você não MERECE…”.
Criar senso de valor é importante.
Ao ensinar senso de valor, não digo ao vê-lo fazendo algo, e caso ele se recuse, bater… não bata na sua criança, crie cumplicidade, chame e converse, diga que ele não está fazendo a parte dele, então você não fará a sua parte. E para que ele não se torne uma criança que só faz as coisas porque você mandou, de um passo a mais na relação, faça ele sentir que a parte dele, o que ele faz é muito importante – afinal de contas, é… – quando ele arrumar o quarto, chame ele e diga: “nossa que quarto mais lindo e limpo” de um abraço nele e um beijo, e diga o quanto isso te deixa feliz. Quando o fim de semana chegar, diga: “Vamos fazer um bolo para comemorar porque ELE encheu todas as garrafas durante toda a semana, e tirou todo o lixo, deixando nossa casa limpinha, segura e longe dos animais e insetos que querem nos fazer mal” e faça uma festa, porque você tem um pequeno ou uma pequena heroína dentro de casa.
Ao ver os objetos jogados pelo chão, peça que ele junte quando não estiver brincando, e diga que não é correto deixar tudo bagunçado, faça isso não só com os brinquedos, mas com as roupas sujas – peça que coloque novamente no cesto de roupas sujas, e se você não tem um cesto, crie um local para que as roupas sujas fique: um balde, uma cadeira, um local provisório.
Isso incutirá nele, senso de organização – e não pode ser depois, não deixe que “o depois eu faço” se torne um habito, porque depois quem irá fazer é você, crianças sempre se ocupam com outras coisas, você sabe disso, eu sei disso… sei porque já fui criança.
Foram essas pequenas coisas que fomos deixando de fazer, as pequenas regras e hábitos saudáveis foram ficando para trás – e assim, nossa geração, foi chamada de “uma das mais desorganizadas e sem regras de todos os tempos”, sem regras o mundo vira uma grande bagunça como esta.
Mas voltando lá no começo, eu falei sobre “não ser qualquer coisa, e não poder fazer tudo”, isso não é sobre limitar as crianças ou adolescentes, é sobre respeito, sobre limites… sobre respeito porque no mundo não existe só ela, existem outras pessoas, e vivemos em comunidades; sobre limites porque ela também precisará de espaço para crescer como individuo.
Aqui devemos olhar novamente para o passado – a casa de todas as lições – e ver como eram as famílias antigamente: os pais falam, os filhos escutavam… os pais planejam um futuro para os filhos, e os filhos cresciam com uma certa segurança de que tudo ficaria bem, e esses filhos se tornavam pais, e tinham seus filhos…
Mas quando olhamos para o atual momento em que vivemos, não vemos mais isso – em algum ponto daquela corrente, um elo se perdeu… isso pode ser causado por vários tipos de fatores.
Mas hoje, nesse momento, temos a oportunidade de resgatar isso – como é chamado isso na atualidade? “ressignificar” – que é um termo da psicologia e da psicanalise, utilizado para informar que algo precisa ganhar um novo significado.
Falo que precisamos ressignificar porque além de existir fatores que levaram a perda daquele “elo” entre pais e filhos, hoje podemos ver quão longe chegamos e como é difícil o mundo atual – não precisamos dizer ou lembrar, o porque de alguns pais e mães, terem sido “péssimos” pais e mães, tendo eles tido seus motivos ou não; quando temos a oportunidade de sermos diferentes.
O mundo é um local perigoso, sabemos disso… então é melhor dizer para seu filho: “respeite as mulheres” do que vê-lo em uma situação de risco, você concorda comigo? Da mesma forma que é muito importante dizer para as filhas: “não use roupas curtas” para EVITAR que qualquer coisa ruim possa acontecer.
Na atualidade existe um lema popular “meu corpo, minhas regras”, mas é importante lembrar que existem pessoas que não respeitam regras, nunca respeitaram, porque nunca conheceram. É por isso que no inicio do texto falei sobre ensinar aos filhos pequenas regras, como: valor, organização, responsabilidade… porque se ele não aprender desde pequeno “que não pode tudo, e não pode ser qualquer coisa”, ele vai passar dos limites, e não vai respeitar a comunidade em que vive.
Quando assistimos os filmes antigos, e vemos a mocinha saindo com roupas mais “sensuais” o pai ou a mãe diz: “suba agora e troque de roupas”, eles fazem aquilo não para priva-la de ser a mais bonita da festa, ele faz aquilo porque ele sabe que o mundo é perigoso; ele faz aquilo porque ele sabe que nem todo mundo teve a mesma criação; ele faz aquilo porque ele ou ela já foi jovem, ou passou por uma situação constrangedora, ou infligiu uma situação constrangedora, e não quer o mesmo para os seus.
Aqui na atualidade em que vivemos, todos os dias temos que competir; a geração da atualidade é colocada nesse campo de competição de forma muito sutil – é preciso ter o melhor telefone, o melhor computador, o melhor corpo, as melhores fotos… eles são colocados em situações – mais ou menos vistos como objetivos a ser alcançados. E isso é quase que uma cobrança, vemos muito isso, em uma simples evidencia, então pergunto qual é, e por logica, você saberá a resposta: qual foto ganha mais curtida em uma rede social, a foto de um corpo, ou uma foto de uma paisagem? A foto do corpo né?! Isso evidencia que temos medo de ficar sozinhos, porque quem tem o melhor corpo, tem também a opção de escolher com quem irá ficar – e querendo ou não, todos nós queremos ser escolhidos, ninguém quer ser desprezado.
Precisamos criar ambientes saudáveis para que as crianças e adolescentes possam viver, e isso não é só na internet, é dentro de casa também, mas para que isso chegue até lá no campo de competição das terras das redes sociais, é preciso que comece dentro de casa.
Ao acordar, diga para as pessoas ao seu redor, sejam seus filhos ou não: você é uma pessoa linda – ela pode não está linda naquele momento que acordou, mas existe uma beleza dentro dela que é singular. Diga: você é uma pessoa maravilhosa… reconheça essas características; é assim que passamos a ver que a beleza, a grandiosidade, não estão tão longes, é assim que iremos criar espaços seguros e pessoas felizes.
Eu sei que existe muitos outros problemas, mas devemos resolve-los um de cada vez, para que eles não voltem mais fortes.
Existe perigo na liberdade pré-independência, no caso, o perigo em ter “liberdade antes de ser independente”.
Vamos resgatas o “homem selvagem” aquele ser forte que existe dentro de nós e que ainda está hibernando na zona de conforto, porque lá não é confortável e ele precisa saber disso – você precisa saber disso.
Com Carinho,
Kefron Primeiro.
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